As famílias de hoje em dia

Há quem diga que as famílias estão em desordem, mas a realidade é que a família matrimonial não é mais a principal forma de família e para entender isso é importante não misturar o direito com religião e com moral.

A família é uma estrutura em que cada pessoa tem um papel e exerce uma função para a formação dos vínculos.

Ela é marcada pela diferença das gerações e tem como finalidade o cuidado e a proteção uns dos outros, em especial das crianças e dos idosos.

É um espaço de formação de identidade, de continuidade, de ética e de solidariedade, que interfere diretamente na formação de cada um.

As famílias possuem ciclos e, com o tempo, cada membro forma a própria família, alterando-se os papéis.

Pai e mãe são igualmente importantes para a formação de uma pessoa, mas não pelos gêneros em si, mas pelas figuras que representam, que são essenciais. Ou seja, não há identificação por gênero, mas das funções maternas e das funções paternas.

Para a formação de uma pessoa são fundamentais o amor, o cuidado e a atenção. Logo, fica óbvio que para haver família, deve haver afeto e não tão-somente laços sanguíneos.

Atualmente, a família está mais verdadeira, com novas representações sociais parentais e conjugais. O seu conceito foi se modificando ao longo do tempo, deixou de ser um núcleo econômico e passou a ser um núcleo de afeto (em seus diversos sentidos: jurídico, psicanalítico, filosófico etc.), que dá a estrutura à pessoa.

Há quem diga que as famílias estão em desordem, mas a realidade é que a família matrimonial não é mais a principal forma de família e para entender isso é importante não misturar o direito com religião e com moral.

As famílias podem ser conjugais, parentais, unipessoal e multiespécie.

Explico.

A família multiespécie é aquela formada por pessoas e o(s) animal(is) doméstico(s), que é um ser seciente (que tem capacidade de sentir) e é presente na vida familiar, considerado parte da entidade em si, que é ligada pelo afeto, compartilhando da rotina e dos ambientes do lar.

A família unipessoal é aquela formada por apenas uma pessoa. Mas com um elemento, é possível ser chamada de família? Sim, principalmente para definir a questão do “bem de família”, cujo conceito de impenhorabilidade abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas.

As famílias conjugais se constituem por casais, sem filhos, e são núcleos de vivência afetiva e sexual com durabilidade na vida cotidiana. São elas as oriundas do casamento, da união estável, das uniões poliafetivas (que vêm crescendo, mas que causam certo espanto) e da família simultânea (que antigamente era chamada de concubinato e que ainda não é reconhecida pela lei).

As famílias parentais são aquelas nas quais as pessoas possuem vínculos sanguíneos, socioafetivos ou de afinidade, tais como: anaparental (irmãos e primos); monoparental (mãe ou pai solo e seu(s) descendente(s)); binuclear (dois núcleos parentais oriundos de um núcleo conjugal dissolvido); extensa (avós, tios, primos); ectogenética (constituída por meio das técnicas de reprodução assistida); adotiva (estabelece vínculo de filiação por meio de um procedimento legal); mosaico (núcleos diversos, o famoso “os meus, os seus e os nossos”); sociafetiva (o vínculo é o afeto); multiparental (pluralidade de pais e/ou mães); coparental (sem relação amorosa ou afetiva, apenas o intuito de gerar filhos juntos); etc.

Vale dizer que novas estruturas conjugais e parentais estão em curso, afinal de contas, é importante lembrar que a família é um elemento da cultura e não da natureza, e é fundamental ter em mente que o Estado tem apenas que protegê-las sem o olhar da censura, mas sim com o devido respeito que todas merecem.

Seja ela como for, vê-se que a família passou por um processo de “despatrimonialização”, deixando de ser singular para passar a ser plural.

Muita coisa poderia ainda ser dita, explicada, informada, mas como o assunto é muito extenso, prefiro finalizar o artigo com um trechinho da canção eternizada pelos Titãs, para que você possa cantarolar o dia todo.

Família ê, família ah, família…

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